quarta-feira, 3 de março de 2010

AJUDA DIVINA

Mesmo na qualidade de um dos maiores pensadores da humanidade, tem uma coisa que não consigo entender. Por que quando a economia de um país entra em crise, por culpa de governantes corruptos e algumas instituições financeiras irresponsáveis, a receita para tirá-lo do buraco é sempre arrochar o povo? É uma lógica que me escapa, e olha que de lógica eu conheço alguma coisa. Nunca a conta é paga pelos graúdos. Enquanto os mortais e desprovidos de recursos são convocados a pagar mais impostos, a congelar salários e apertar mais o cinto, o pessoal do Olimpo só enriquece e se mitifica. Isso tem de acabar. A crise econômica da Grécia não pode ser só enfrentada por só uma parte da população. A coisa está feia por aqui. O sacrifício tem de ser de todos. Razão pelo qual elaborei um pequeno plano de participação de algumas divindades na recuperação de nosso combalido país.

Hércules. Deverá suspender a academia e esticar sua jornada para 14 trabalhos.

Atena. Terá de se abster de dar presentes.

Hera. Uma boa alternativa seria empregar suas habilidades numa agência matrimonial. Neste período turbulento, ela deve também conter seus ciúmes dos países de economia emergente.

Morfeu. Vamo acordar, aí, pô!

Apolo. Neste ano de eleição, ele poderá vender serviços de assessoria. Tá assim de candidato pangaré que quer ter uma imagem apolínea.

Orfeu. Já que não pode mais viver da venda de CDs, vai ter de programar uma série de apresentações ao vivo.

Dionísio. Vai ter de regular na quantidade ou substituir os bordeauxs por vinhos nacionais.

Poseidon. Pode muito bem criar uma tabela de serviços. Veleiros pagarão taxas por ventos favoráveis, surfistas por ondas maiores e grandes embarcações por viagens tranquilas.

Afrodite. Deve aproveitar seus dotes para abraçar a profissão mais antiga do mundo. É hora de apertar o cinto mágico. Da sua dieta, devem permanecer no cardápio o amendoim e a catuaba. Ostras nem pensar.

Zeus. Caberá a ele, obviamente, a tarefa mais importante: acumular pesadas nuvens pretas e delas lançar muitos raios sobre a sede da Goldman Sachs.